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Ator paulista se dedica a unir Brasil e Moçambique através da cultura

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Foi aos 10 anos de idade que Expedito Araújo decidiu que queria ser ator, inspirado pela escola em que estudava, no Rio de Janeiro, onde os alunos eram incentivados a ir ao teatro. Nascido em São Paulo, ele começou a carreira artística na adolescência. Deu vida a personagens nos palcos e na TV, mas com o passar do tempo acabou se tornando gestor cultural, trabalhando nos setores público e privado.

Vinícius Assis, correspondente da RFI na África

Seja atuando ou gerenciando projetos culturais, Expedito Araújo encara a arte como uma ferramenta transformadora, postura que o levou até o Timor Leste. “Fui convidado para fazer uma consultoria sobre a importância da cultura no desenvolvimento de um país”, conta à RFI.

Em 2017, o brasileiro estava de férias na Tailândia quando uma amiga que vivia em Maputo, trabalhando para uma organização internacional, sugeriu que ele fosse para Moçambique ser voluntário em um orfanato. Naquela época, Araújo já havia visitado cerca de 40 países, mas nenhum africano.

“Eu não tinha nenhuma curiosidade de conhecer, como a gente diz no Brasil, ‘a África’”, lembrou, destacando o hábito que muitos brasileiros têm de se referir ao segundo continente mais populoso do mundo como se fosse apenas um país. No total, a África é formada por 54 naçōes.

Esta parte do planeta - que tanto tem em comum com o Brasil - não estava na lista dos destinos preferidos do ator que, no máximo, havia parado em Adis Abeba, capital da Etiópia, na escala de uma viagem para Cingapura. Mas ele acabou dando o braço a torcer e se programou para passar três semanas em contato com órfãos moçambicanos.

“Primeiro foi uma descoberta. Eu não imaginava que existia no mundo uma realidade [como em Maputo]”, diz.

Araújo também descreve a surpresa ao se deparar com uma cidade onde nem tudo é periferia, embora tenha ido para uma área mais carente. Nada que o desanimasse. Logo que chegou, montou uma peça com um grupo de adolescentes do local.

Expedito explica que os adolescentes teriam que deixar o orfanato quando completassem 18 anos. Portanto, para ele, essa iniciação teatral poderia ser um possível caminho profissional.

A primeira experiência em Moçambique - que ele mesmo classifica como "um processo muito intenso" - foi curta, mas suficiente para fazer com que ele se apaixonasse pelo país de litoral exuberante e desejasse voltar. Começou, naquele mesmo ano, o processo para conseguir um visto mais longo.

O ator abriu mão do trabalho no Brasil e, na primeira oportunidade que teve, voltou. A decisão o ajudou a entender "o valor da simplicidade". Ele conta que nunca esqueceu o pedido que uma moçambicana o fez.

“Uma menina, de 7 ou 8 anos, falou ‘tio posso pedir um presente? É meu aniversário.’ E eu lembro que eu já falei ‘caramba, ela vai pedir um presente e eu não vim com grana para comprar o que no Brasil me pediam de presente’. E ela me pediu uma caneta vermelha. Aquilo me sensibilizou de um jeito que eu fui para o quarto em que eu estava e comecei a chorar”, disse.

A menina que tinha HIV e havia perdido os pais de forma trágica teve o simples desejo realizado pelo brasileiro. “Na verdade eu comprei um estojo de canetas e canetinhas, como a gente chama no Brasil, para pintar”, lembrou.

Diversidade moçambicana

Enquanto muitos ainda enxergam apenas pobreza em um dos países africanos com mais brasileiros, ele exalta a diversidade que encontrou em Moçambique. “Não é só miséria. É um país com um dos litorais mais lindos de todos os países que pude conhecer no mundo”, enfatiza e lembra, também, das enormes diferenças de realidades na capital, Maputo.

Além disso, chama atenção para o que qualquer brasileiro pode constatar ao desembarcar em Moçambique: muitos moçambicanos são apaixonados pelo Brasil. “Existe uma influência muito grande do Brasil aqui em Moçambique por conta das telenovelas brasileiras. Então, eles têm um carinho muito grande pelo brasileiro”, contou.

Outros dois países da África que Expedito conheceu nos últimos anos foram a África do Sul e o Lesoto. Aos 42 anos, ele vive atualmente em Maputo, onde se engaja em projetos sociais e também se empenha em divulgar a cultura brasileira, participando de alguns eventos do Centro Cultural Brasil-Moçambique, além dos que organiza por conta própria. Esta parceria começou em 2017, quando ele foi convidado a integrar um evento em homenagem ao escritor e poeta Guimarães Rosa.

“Foi tentador. E veio de novo o prazer de atuar’, lembrou o brasileiro que estava há muito tempo sem trabalhar como ator e encarou o monólogo "A Terceira Margem do Rio", considerada uma das obras mais importantes de Guimarães Rosa. A partir daí Araújo passou a, uma vez por mês, fazer uma atuação, e pensou em não voltar para o Brasil na data prevista até então.

“Eu comecei a ver a vida que eu levava e tudo não tinha mais sentido para mim”, lembrou. Foi quando decidiu, de vez, viver como ator e professor de teatro em Moçambique. Eventos com obras de Clarice Lispector, de quem o brasileiro se diz fã, Nelson Rodrigues e Miguel Falabella já foram organizados por ele.

Missão consciente

Até durante a pandemia de Covid-19, sob restriçōes de circulação e aglomeração, os eventos organizados pelo brasileiro continuaram, mas virtualmente. Foi assim que, por exemplo, falou sobre Tarsila do Amaral, considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas. Com duas transmissōes mensais ao vivo pela internet conseguiu alcançar quem estava inclusive fora de Moçambique.

“Aí sim, começou uma missão consciente maior de trazer a cultura brasileira, aquilo que não está nas novelas, tanto para o brasileiro que está no Brasil ver, mas sobretudo para o moçambicano conhecer“, disse.

Para a surpresa dele, no público dessas lives tinham pessoas que estavam em países como China, Chile, Austrália, Estados Unidos e também pela Europa aprendendo mais sobre a cultura brasileira. Apesar do maior alcance que obteve, Araújo celebrou a volta dos eventos presenciais, deixando transparecer a paixão que um ator tem por estar perto do público.

Araújo não pensa em voltar para o Brasil, pelo menos por enquanto. Encara o que faz pela cultura brasileira e pelo povo moçambicano como uma missão, como a dos professores da escola onde ele estudou que, mostrando o caminho do teatro, o fizeram seguir a carreira que seguiu.

“Quando me perguntam aqui ‘quando você vai embora?’ Eu digo ‘não sei’. Talvez quando minha missão acabar e eu não sinto minha missão cumprida”, conclui.

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Foi aos 10 anos de idade que Expedito Araújo decidiu que queria ser ator, inspirado pela escola em que estudava, no Rio de Janeiro, onde os alunos eram incentivados a ir ao teatro. Nascido em São Paulo, ele começou a carreira artística na adolescência. Deu vida a personagens nos palcos e na TV, mas com o passar do tempo acabou se tornando gestor cultural, trabalhando nos setores público e privado.

Vinícius Assis, correspondente da RFI na África

Seja atuando ou gerenciando projetos culturais, Expedito Araújo encara a arte como uma ferramenta transformadora, postura que o levou até o Timor Leste. “Fui convidado para fazer uma consultoria sobre a importância da cultura no desenvolvimento de um país”, conta à RFI.

Em 2017, o brasileiro estava de férias na Tailândia quando uma amiga que vivia em Maputo, trabalhando para uma organização internacional, sugeriu que ele fosse para Moçambique ser voluntário em um orfanato. Naquela época, Araújo já havia visitado cerca de 40 países, mas nenhum africano.

“Eu não tinha nenhuma curiosidade de conhecer, como a gente diz no Brasil, ‘a África’”, lembrou, destacando o hábito que muitos brasileiros têm de se referir ao segundo continente mais populoso do mundo como se fosse apenas um país. No total, a África é formada por 54 naçōes.

Esta parte do planeta - que tanto tem em comum com o Brasil - não estava na lista dos destinos preferidos do ator que, no máximo, havia parado em Adis Abeba, capital da Etiópia, na escala de uma viagem para Cingapura. Mas ele acabou dando o braço a torcer e se programou para passar três semanas em contato com órfãos moçambicanos.

“Primeiro foi uma descoberta. Eu não imaginava que existia no mundo uma realidade [como em Maputo]”, diz.

Araújo também descreve a surpresa ao se deparar com uma cidade onde nem tudo é periferia, embora tenha ido para uma área mais carente. Nada que o desanimasse. Logo que chegou, montou uma peça com um grupo de adolescentes do local.

Expedito explica que os adolescentes teriam que deixar o orfanato quando completassem 18 anos. Portanto, para ele, essa iniciação teatral poderia ser um possível caminho profissional.

A primeira experiência em Moçambique - que ele mesmo classifica como "um processo muito intenso" - foi curta, mas suficiente para fazer com que ele se apaixonasse pelo país de litoral exuberante e desejasse voltar. Começou, naquele mesmo ano, o processo para conseguir um visto mais longo.

O ator abriu mão do trabalho no Brasil e, na primeira oportunidade que teve, voltou. A decisão o ajudou a entender "o valor da simplicidade". Ele conta que nunca esqueceu o pedido que uma moçambicana o fez.

“Uma menina, de 7 ou 8 anos, falou ‘tio posso pedir um presente? É meu aniversário.’ E eu lembro que eu já falei ‘caramba, ela vai pedir um presente e eu não vim com grana para comprar o que no Brasil me pediam de presente’. E ela me pediu uma caneta vermelha. Aquilo me sensibilizou de um jeito que eu fui para o quarto em que eu estava e comecei a chorar”, disse.

A menina que tinha HIV e havia perdido os pais de forma trágica teve o simples desejo realizado pelo brasileiro. “Na verdade eu comprei um estojo de canetas e canetinhas, como a gente chama no Brasil, para pintar”, lembrou.

Diversidade moçambicana

Enquanto muitos ainda enxergam apenas pobreza em um dos países africanos com mais brasileiros, ele exalta a diversidade que encontrou em Moçambique. “Não é só miséria. É um país com um dos litorais mais lindos de todos os países que pude conhecer no mundo”, enfatiza e lembra, também, das enormes diferenças de realidades na capital, Maputo.

Além disso, chama atenção para o que qualquer brasileiro pode constatar ao desembarcar em Moçambique: muitos moçambicanos são apaixonados pelo Brasil. “Existe uma influência muito grande do Brasil aqui em Moçambique por conta das telenovelas brasileiras. Então, eles têm um carinho muito grande pelo brasileiro”, contou.

Outros dois países da África que Expedito conheceu nos últimos anos foram a África do Sul e o Lesoto. Aos 42 anos, ele vive atualmente em Maputo, onde se engaja em projetos sociais e também se empenha em divulgar a cultura brasileira, participando de alguns eventos do Centro Cultural Brasil-Moçambique, além dos que organiza por conta própria. Esta parceria começou em 2017, quando ele foi convidado a integrar um evento em homenagem ao escritor e poeta Guimarães Rosa.

“Foi tentador. E veio de novo o prazer de atuar’, lembrou o brasileiro que estava há muito tempo sem trabalhar como ator e encarou o monólogo "A Terceira Margem do Rio", considerada uma das obras mais importantes de Guimarães Rosa. A partir daí Araújo passou a, uma vez por mês, fazer uma atuação, e pensou em não voltar para o Brasil na data prevista até então.

“Eu comecei a ver a vida que eu levava e tudo não tinha mais sentido para mim”, lembrou. Foi quando decidiu, de vez, viver como ator e professor de teatro em Moçambique. Eventos com obras de Clarice Lispector, de quem o brasileiro se diz fã, Nelson Rodrigues e Miguel Falabella já foram organizados por ele.

Missão consciente

Até durante a pandemia de Covid-19, sob restriçōes de circulação e aglomeração, os eventos organizados pelo brasileiro continuaram, mas virtualmente. Foi assim que, por exemplo, falou sobre Tarsila do Amaral, considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas. Com duas transmissōes mensais ao vivo pela internet conseguiu alcançar quem estava inclusive fora de Moçambique.

“Aí sim, começou uma missão consciente maior de trazer a cultura brasileira, aquilo que não está nas novelas, tanto para o brasileiro que está no Brasil ver, mas sobretudo para o moçambicano conhecer“, disse.

Para a surpresa dele, no público dessas lives tinham pessoas que estavam em países como China, Chile, Austrália, Estados Unidos e também pela Europa aprendendo mais sobre a cultura brasileira. Apesar do maior alcance que obteve, Araújo celebrou a volta dos eventos presenciais, deixando transparecer a paixão que um ator tem por estar perto do público.

Araújo não pensa em voltar para o Brasil, pelo menos por enquanto. Encara o que faz pela cultura brasileira e pelo povo moçambicano como uma missão, como a dos professores da escola onde ele estudou que, mostrando o caminho do teatro, o fizeram seguir a carreira que seguiu.

“Quando me perguntam aqui ‘quando você vai embora?’ Eu digo ‘não sei’. Talvez quando minha missão acabar e eu não sinto minha missão cumprida”, conclui.

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