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França: Os estudantes vão continuar a lutar pelos direitos dos palestinianos

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À semelhança do que tem vindo a acontecer nas universidades norte-americanas, também os alunos franceses intensificam os protestos contra a operação militar israelita em curso na faixa de Gaza. Eduardo Cury, estudante brasileiro na Sciences Po Paris, participa neste movimento, aponta o dedo à postura do Ocidente, lembrando a “culpa” da não condenação ou do silêncio “em relação às atrocidades cometidas em Gaza”.

À semelhança do que tem vindo a acontecer nas universidades norte-americanas, também os alunos franceses intensificam os protestos contra a operação militar israelita em curso na faixa de Gaza. Os estudantes exigem um cessar-fogo em Gaza e o fim do “genocídio”, além da não perseguição dos alunos defensores da causa palestiniana. Apesar dos esforços do executivo para evitar a multiplicação da contestação, vários grupos de estudantes apelaram este fim-de-semana à intensificação dos protestos.

Eduardo Cury, estudante brasileiro na Sciences Po Paris, participa neste movimento pró-Palestina e ao microfone da RFI justifica o seu envolvimento na causa, aponta o dedo à postura do Ocidente face a Gaza, lembrando a “culpa” da não condenação ou do silêncio “em relação às atrocidades cometidas em Gaza”.

RFI: De que forma é que se envolveu nestes protestos?

Eduardo Cury, estudante brasileiro na Sciences Po Paris: As manifestações pró-Palestina da Sciences Po começaram logo na sequência dos ataques [do Hamas a Israel] de 07 de Outubro e da reacção absolutamente brutal e desproporcional de Israel. Começou sendo organizado por alguns alunos da Palestina da Sciences Po que fazem parte da associação que se chama Students for Justice in Palestine [Estudantes pela Justiça na Palestina] e, por coincidência, alguns desses alunos já eram amigos meus, que são amigos da Palestina e da Irlanda também. Os irlandeses são muito engajados pela Palestina.

Então, eu comecei a participar de alguns protestos e de eventos, por exemplo, convidaram a embaixadora da Palestina para a Sciences Po, convidaram a Francesca Albanese, que faz parte da ONU [Relatora especial das nações Unidas sobre os territórios Palestinianos Ocupados], e eu sempre participava e tentei mostrar o máximo de apoio possível, tanto nos protestos quanto nos eventos organizados dentro da universidade.

Esta contestação, a esta operação militar que está a ser levada a cabo por Israel na Faixa de Gaza, a nível de estudantes, ganhou uma dimensão diferente quando houve o acampamento na Sciences Po?

Absolutamente. Vale lembrar que há um ou dois meses, houve um protesto dentro da Sciences Po que também teve repercussão nacional e internacional. Gabriel Attal, primeiro-ministro de França, foi visitar a Sciences Po e falou uns absurdos dentro da universidade. Eu acho que [Emmanuel] Macron [Presidente de França] inclusive ligou para a direcção da Sciences Po.

Mas, o acampamento dentro da Sciences Po na semana passada foi realmente um marco histórico, porque foi a primeira vez que a Sciences Po fez a polícia entrar dentro do próprio estabelecimento para tirar os estudantes. Mudou as dimensões.

Tanto a Sciences Po como a Sorbonne são locais emblemáticos da luta estudantil francesa.

Claro! O histórico de manifestações estudantis aqui na França é muito longo, tem muita tradição e também, infelizmente, tem um histórico de repressão policial.

Então, é claro que quando a polícia intervém nessas manifestações, especialmente no caso da Sorbonne, que literalmente arrastam as pessoas no chão, agridem os manifestantes, isso traz muitas memórias da história do passado estudantil francês.

Porquê chegar a esta situação de acampamento nos átrios das universidades à semelhança do que acontece nos Estados Unidos? Houve aqui um contágio dos protestos norte-americanos ou todo o tipo de voz que tentavam dar à causa palestiniana já estava esgotado e esta era uma forma de virar os holofotes para os estudantes?

Eu acho que no fim são os dois. Primeiramente, claro que teve a inspiração dos Estados Unidos. Isso não pode ser negado. Inspiraram os alunos da Sciences Po para fazer o mesmo ou utilizar estratégias similares.

Mas, também, o constante silêncio e a forte repressão feita tanto pela Sciences Po, quanto até mesmo por alguns outros alunos da Sciences Po contra os alunos palestinos, levou-nos a essa atitude de ocupar o campus e tentar colocar tendas, enfim, dormir dentro do campus.

O que é que vocês reivindicam? Há a questão do cessar-fogo em Gaza, mas não ficam por aqui as vossas reivindicações. O que é que querem mais?

Claro que a primeira demanda, e vale sempre lembrar, é pelo fim da guerra em Gaza, pelo fim do genocídio dentro do território palestino, pelo fim do estado de apartheid que é imposto por Israel há várias décadas no território ocupado e pelo fim da vida de violações de lei internacional.

Claro que também temos demandas para a nossa instituição: a primeira é o fim dos vínculos, os acordos entre a Sciences Po e as universidades israelenses. Vale a pena lembrar que logo depois da invasão russa, em 2022, da Ucrânia, se rompeu absolutamente todos os laços com universidades russas. Então pedimos que o mesmo seja feito com universidades israelenses que estão apoiando o genocídio, que estão apoiando a intervenção militar de Israel em Gaza.

Outra demanda que nós temos é o fim da perseguição dos alunos pró-palestinos dentro da Sciences Po e também dentro de qualquer universidade francesa. Temos essa sensação de que a Sciences Po ao mesmo tempo que ela se diz promotora de ideais humanistas, de democracia, esses valores tão importantes para nossa sociedade moderna, está reprimindo estudantes que estão querendo defender exactamente as mesmas coisas quando se trata dos palestinos.

Pedimos que a Science Po pare as tácticas de intimidação de alunos que fazem isso, de ameaças de suspensão ou até de expulsão desses alunos e que ao fim critique a guerra que está sendo orquestrada por Israel, que está sendo causada por Israel.

Estudantes da Sciences Po, numa das manifestações, pintaram as mãos de vermelho. Esse gesto foi conotado com uns soldados israelitas que foram assassinados na Palestina em 2000. Foram linchados. Esses estudantes que mostraram a palma da mão pintada de vermelho estavam a incitar a essa violência ou, por outro lado, estavam simplesmente a dizer que também eles se sentem com as mãos manchadas de sangue pela postura em relação ao que se passa em Gaza?

Eu não me lembro desse evento em particular no protesto, pelo menos eu não vi pessoalmente. Também não tinha consciência desse linchamento que ocorreu há 20 anos de soldados israelenses. É claro que condeno da forma mais absoluta qualquer tipo de violência, de assassinato de soldados. Mas eu posso dizer, sem a menor dúvida, conhecendo os manifestantes, estando lá, vendo o clima da manifestação que não tem absolutamente nenhuma conotação ao que foi feito com esses soldados, não tem absolutamente nenhuma conotação querendo levar pessoas a praticar violência, mas sim tentar lembrar essa ideia de culpabilidade, de ter sangue nas mãos.

Mostrar para a imprensa, mostrar para a administração que não condenando o genocídio que está acontecendo em Gaza, a opressão ao apartheid que está sendo imposto sobre palestinos há décadas é ter sangue nas mãos.

Então, mesmo se a Science Po ou o Governo francês não estão eles mesmos bombardeando Gaza, por apoiar ou por estar em silêncio em relação a essas atrocidades cometidas também são culpados, também são responsáveis, até certa medida, pelo sangue de palestinos derramado naquele território.

Há quem fale numa minoria de estudantes radicalizados, da instrumentalização da escola, da promoção de ideais anti-semitas e anti-sionistas. Também há quem diga que os estudantes desconhecem a história entre os dois países, uma falta de conhecimento sobre o conflito. Além disso, acusam os estudantes de falarem em genocídio quando não sabem o que é verdadeiramente um genocídio. Como é que olha para estas críticas? Qual é o comentário que faz?

Lembro os 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal [25 de Abril de 1974], que foi uma revolução que lutou pela democracia, por ideais humanistas, pelos direitos humanos. Agora, 50 anos depois, acredito que nós voltamos a esse momento em que estamos lutando entre ideais humanistas e o fascismo e a opressão e a morte.

Uma coisa muito preocupante que estou vendo na França, vendo os media franceses e vendo o discurso de certas figuras públicas francesas é a volta desse ódio, dessa distorção dos factos, desse fascismo no discurso público.

Então, quando você fala, por exemplo, querendo acusar os estudantes palestinos de serem anti-semitas ou de desconhecerem a história do conflito, ou não saber o que é o genocídio, é claramente uma distorção feita por parte da classe política que não tem o menor compromisso com direitos humanos, não tem o menor compromisso com a dignidade humana e nem com a vida dessas pessoas que estão morrendo nesse território. Então, quando você quer mudar esse discurso, mudar a narrativa ao redor do conflito de uma luta por direitos humanos, por uma luta de apelo à vida dos palestinos para uma coisa vinculada de alguma maneira no anti-semitismo ou promover a violência, acho que isso é um desfavor muito grande a quem está lutando pela causa palestina, que está lutando pela decência humana.

Outro ponto que eu acho importante, é os estudantes desconhecerem a história do conflito e desconhecerem o que é um genocídio. Boa parte dos alunos que estão organizando esses protestos são eles mesmos palestinos. Então eles conhecem muito bem o conflito. Constantemente são convidadas pessoas da Palestina para conversar na Science Po.

Entendemos que é uma atrocidade, que é bárbaro o que está acontecendo e que os palestinos estão sendo vítimas de crimes inimagináveis, que é nosso dever mesmo apoiar eles.

Também vale lembrar que boa parte dos estudantes da Sciences Po estudam direitos humanos e internacional como especialização de mestrado ou doutoramento. São pessoas que eu diria que estão bem informadas, apesar do que pode dizer o Gabriel Attal [primeiro-ministro francês] ou Valérie Pécresse [presidente da região de Île-de-France] com esses discursos infundados que eles promovem.

Tem conhecimento de novas acções, de novas manifestações que possam vir a ser levadas a cabo pelos estudantes franceses ou pelos estudantes que estudam em França?

Pode ter a certeza que enquanto houver solidariedade para com o povo palestino, enquanto o Governo francês, instituições francesas continuarem apoiando cegamente as acções do Estado de Israel, os estudantes franceses e na França vão continuar protestando, vão continuar lutando pelos direitos palestinos. Isso é certo, isso é certo!

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À semelhança do que tem vindo a acontecer nas universidades norte-americanas, também os alunos franceses intensificam os protestos contra a operação militar israelita em curso na faixa de Gaza. Os estudantes exigem um cessar-fogo em Gaza e o fim do “genocídio”, além da não perseguição dos alunos defensores da causa palestiniana. Apesar dos esforços do executivo para evitar a multiplicação da contestação, vários grupos de estudantes apelaram este fim-de-semana à intensificação dos protestos.

Eduardo Cury, estudante brasileiro na Sciences Po Paris, participa neste movimento pró-Palestina e ao microfone da RFI justifica o seu envolvimento na causa, aponta o dedo à postura do Ocidente face a Gaza, lembrando a “culpa” da não condenação ou do silêncio “em relação às atrocidades cometidas em Gaza”.

RFI: De que forma é que se envolveu nestes protestos?

Eduardo Cury, estudante brasileiro na Sciences Po Paris: As manifestações pró-Palestina da Sciences Po começaram logo na sequência dos ataques [do Hamas a Israel] de 07 de Outubro e da reacção absolutamente brutal e desproporcional de Israel. Começou sendo organizado por alguns alunos da Palestina da Sciences Po que fazem parte da associação que se chama Students for Justice in Palestine [Estudantes pela Justiça na Palestina] e, por coincidência, alguns desses alunos já eram amigos meus, que são amigos da Palestina e da Irlanda também. Os irlandeses são muito engajados pela Palestina.

Então, eu comecei a participar de alguns protestos e de eventos, por exemplo, convidaram a embaixadora da Palestina para a Sciences Po, convidaram a Francesca Albanese, que faz parte da ONU [Relatora especial das nações Unidas sobre os territórios Palestinianos Ocupados], e eu sempre participava e tentei mostrar o máximo de apoio possível, tanto nos protestos quanto nos eventos organizados dentro da universidade.

Esta contestação, a esta operação militar que está a ser levada a cabo por Israel na Faixa de Gaza, a nível de estudantes, ganhou uma dimensão diferente quando houve o acampamento na Sciences Po?

Absolutamente. Vale lembrar que há um ou dois meses, houve um protesto dentro da Sciences Po que também teve repercussão nacional e internacional. Gabriel Attal, primeiro-ministro de França, foi visitar a Sciences Po e falou uns absurdos dentro da universidade. Eu acho que [Emmanuel] Macron [Presidente de França] inclusive ligou para a direcção da Sciences Po.

Mas, o acampamento dentro da Sciences Po na semana passada foi realmente um marco histórico, porque foi a primeira vez que a Sciences Po fez a polícia entrar dentro do próprio estabelecimento para tirar os estudantes. Mudou as dimensões.

Tanto a Sciences Po como a Sorbonne são locais emblemáticos da luta estudantil francesa.

Claro! O histórico de manifestações estudantis aqui na França é muito longo, tem muita tradição e também, infelizmente, tem um histórico de repressão policial.

Então, é claro que quando a polícia intervém nessas manifestações, especialmente no caso da Sorbonne, que literalmente arrastam as pessoas no chão, agridem os manifestantes, isso traz muitas memórias da história do passado estudantil francês.

Porquê chegar a esta situação de acampamento nos átrios das universidades à semelhança do que acontece nos Estados Unidos? Houve aqui um contágio dos protestos norte-americanos ou todo o tipo de voz que tentavam dar à causa palestiniana já estava esgotado e esta era uma forma de virar os holofotes para os estudantes?

Eu acho que no fim são os dois. Primeiramente, claro que teve a inspiração dos Estados Unidos. Isso não pode ser negado. Inspiraram os alunos da Sciences Po para fazer o mesmo ou utilizar estratégias similares.

Mas, também, o constante silêncio e a forte repressão feita tanto pela Sciences Po, quanto até mesmo por alguns outros alunos da Sciences Po contra os alunos palestinos, levou-nos a essa atitude de ocupar o campus e tentar colocar tendas, enfim, dormir dentro do campus.

O que é que vocês reivindicam? Há a questão do cessar-fogo em Gaza, mas não ficam por aqui as vossas reivindicações. O que é que querem mais?

Claro que a primeira demanda, e vale sempre lembrar, é pelo fim da guerra em Gaza, pelo fim do genocídio dentro do território palestino, pelo fim do estado de apartheid que é imposto por Israel há várias décadas no território ocupado e pelo fim da vida de violações de lei internacional.

Claro que também temos demandas para a nossa instituição: a primeira é o fim dos vínculos, os acordos entre a Sciences Po e as universidades israelenses. Vale a pena lembrar que logo depois da invasão russa, em 2022, da Ucrânia, se rompeu absolutamente todos os laços com universidades russas. Então pedimos que o mesmo seja feito com universidades israelenses que estão apoiando o genocídio, que estão apoiando a intervenção militar de Israel em Gaza.

Outra demanda que nós temos é o fim da perseguição dos alunos pró-palestinos dentro da Sciences Po e também dentro de qualquer universidade francesa. Temos essa sensação de que a Sciences Po ao mesmo tempo que ela se diz promotora de ideais humanistas, de democracia, esses valores tão importantes para nossa sociedade moderna, está reprimindo estudantes que estão querendo defender exactamente as mesmas coisas quando se trata dos palestinos.

Pedimos que a Science Po pare as tácticas de intimidação de alunos que fazem isso, de ameaças de suspensão ou até de expulsão desses alunos e que ao fim critique a guerra que está sendo orquestrada por Israel, que está sendo causada por Israel.

Estudantes da Sciences Po, numa das manifestações, pintaram as mãos de vermelho. Esse gesto foi conotado com uns soldados israelitas que foram assassinados na Palestina em 2000. Foram linchados. Esses estudantes que mostraram a palma da mão pintada de vermelho estavam a incitar a essa violência ou, por outro lado, estavam simplesmente a dizer que também eles se sentem com as mãos manchadas de sangue pela postura em relação ao que se passa em Gaza?

Eu não me lembro desse evento em particular no protesto, pelo menos eu não vi pessoalmente. Também não tinha consciência desse linchamento que ocorreu há 20 anos de soldados israelenses. É claro que condeno da forma mais absoluta qualquer tipo de violência, de assassinato de soldados. Mas eu posso dizer, sem a menor dúvida, conhecendo os manifestantes, estando lá, vendo o clima da manifestação que não tem absolutamente nenhuma conotação ao que foi feito com esses soldados, não tem absolutamente nenhuma conotação querendo levar pessoas a praticar violência, mas sim tentar lembrar essa ideia de culpabilidade, de ter sangue nas mãos.

Mostrar para a imprensa, mostrar para a administração que não condenando o genocídio que está acontecendo em Gaza, a opressão ao apartheid que está sendo imposto sobre palestinos há décadas é ter sangue nas mãos.

Então, mesmo se a Science Po ou o Governo francês não estão eles mesmos bombardeando Gaza, por apoiar ou por estar em silêncio em relação a essas atrocidades cometidas também são culpados, também são responsáveis, até certa medida, pelo sangue de palestinos derramado naquele território.

Há quem fale numa minoria de estudantes radicalizados, da instrumentalização da escola, da promoção de ideais anti-semitas e anti-sionistas. Também há quem diga que os estudantes desconhecem a história entre os dois países, uma falta de conhecimento sobre o conflito. Além disso, acusam os estudantes de falarem em genocídio quando não sabem o que é verdadeiramente um genocídio. Como é que olha para estas críticas? Qual é o comentário que faz?

Lembro os 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal [25 de Abril de 1974], que foi uma revolução que lutou pela democracia, por ideais humanistas, pelos direitos humanos. Agora, 50 anos depois, acredito que nós voltamos a esse momento em que estamos lutando entre ideais humanistas e o fascismo e a opressão e a morte.

Uma coisa muito preocupante que estou vendo na França, vendo os media franceses e vendo o discurso de certas figuras públicas francesas é a volta desse ódio, dessa distorção dos factos, desse fascismo no discurso público.

Então, quando você fala, por exemplo, querendo acusar os estudantes palestinos de serem anti-semitas ou de desconhecerem a história do conflito, ou não saber o que é o genocídio, é claramente uma distorção feita por parte da classe política que não tem o menor compromisso com direitos humanos, não tem o menor compromisso com a dignidade humana e nem com a vida dessas pessoas que estão morrendo nesse território. Então, quando você quer mudar esse discurso, mudar a narrativa ao redor do conflito de uma luta por direitos humanos, por uma luta de apelo à vida dos palestinos para uma coisa vinculada de alguma maneira no anti-semitismo ou promover a violência, acho que isso é um desfavor muito grande a quem está lutando pela causa palestina, que está lutando pela decência humana.

Outro ponto que eu acho importante, é os estudantes desconhecerem a história do conflito e desconhecerem o que é um genocídio. Boa parte dos alunos que estão organizando esses protestos são eles mesmos palestinos. Então eles conhecem muito bem o conflito. Constantemente são convidadas pessoas da Palestina para conversar na Science Po.

Entendemos que é uma atrocidade, que é bárbaro o que está acontecendo e que os palestinos estão sendo vítimas de crimes inimagináveis, que é nosso dever mesmo apoiar eles.

Também vale lembrar que boa parte dos estudantes da Sciences Po estudam direitos humanos e internacional como especialização de mestrado ou doutoramento. São pessoas que eu diria que estão bem informadas, apesar do que pode dizer o Gabriel Attal [primeiro-ministro francês] ou Valérie Pécresse [presidente da região de Île-de-France] com esses discursos infundados que eles promovem.

Tem conhecimento de novas acções, de novas manifestações que possam vir a ser levadas a cabo pelos estudantes franceses ou pelos estudantes que estudam em França?

Pode ter a certeza que enquanto houver solidariedade para com o povo palestino, enquanto o Governo francês, instituições francesas continuarem apoiando cegamente as acções do Estado de Israel, os estudantes franceses e na França vão continuar protestando, vão continuar lutando pelos direitos palestinos. Isso é certo, isso é certo!

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