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Episódio 10. Edith - João Avelino de Camargo

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João Avelino era um compositor inspirado, autor de melodias contagiantes e suas peças representam a síntese do repertório cultivado pelos violonistas neste período: músicas de salão e choros, explorando os idiomatismos do instrumento e deixando transparecer, aqui e ali, o sotaque caipira que insistia em permanecer na música e nos costumes da metrópole em crescimento. Ele foi tema dos episódio 8 e episódio 9, quando tratamos do choro Sabãozinho e da gavota Iole. Participou ativamente de apresentações públicas, em 1931, por exemplo, apareceu ao lado da soprano brasileira Elsie Houston (1902-1943) em apresentação no Portugal Clube:

Antes de mais uma viagem para a Europa, Elsie Houston participou da “Tarde Musical” organizada pelo compositor Luiz Gonzaga Assumpção no dia 08 de janeiro de 1931 no salão do Portugal Clube. Encarregaram-se das interpretações, além de Elsie Houston, Jayme Redondo, Edgard Arantes, Antônio Marino Gouvêa, Maria Graccho e José Galante. Elsie Houston interpretou Porque sou triste, de Decio Abramo, e Papai, de Assumpção Fleury. Os acompanhamentos foram feitos, ao piano, pelo próprio L. Gonzaga Assumpção. A apresentação reuniu, também, músicos populares como Gaó (piano); Jonas; Zezinho (banjo, cavaquinho); Petit (violão); Calazans; Sampaio (violão); Theotônio Corrêa (violão); Pinheirinho (cavaquinho) e João Avelino Camargo[1].

[1] BERTEVELLI, Isabel. Elsie Houston e o canto nacional dos anos 1920 a 1940: trajetória profissional da “genuína voz brasileira”. Revista Brasileira de Música, v. 29, n. 2, p. 365-397.

Na biblioteca de Isaías Sávio, pertencente à Coleção Ronoel Simões, as duas obras de Avelino, as gavotas Edith e Iole, aparecem com dedicatória do compositor paulista ao violonista uruguaio recém chegado ao país naquele momento. Assim, sabe-se que, no ano de 1933, Avelino esteve na capital federal. Além de evidenciar a relação entre os dois músicos, trata-se de uma demonstração evidente de que Isaías Sávio tinha conhecimento do movimento do violão na cidade de São Paulo já no início da década de 1930.

Edith foi executada também por João dos Santos, personagem que será abordado no episódio 12 deste podcast. A última aparição de Santos em concertos públicos noticiada pelo jornal foi em 1936, participando de um duo com um violonista chamado Antonio Mastrangelo, quando executaram a peça Edith, de João Avelino de Camargo e Una Lagrima, de Sagreras.[1]

Foi publicada inicialmente por Bernardini & Di Giorgio em 1931, e depois, no início dos anos 1940, também pela Casa Del Vecchio, sempre com revisão de Atílio Bernardini, professor de violão da cidade, um dos responsáveis pela implementação do circuito de partituras na cidade. Em forma rondó, com uma pequena introdução de quatro compassos, que apresenta a tonalidade de ré maior e os materiais temáticos da primeira parte da dança. A segunda parte, também em ré maior, utiliza a técnica dos harmônicos naturais, recurso bastante utilizado no final dos anos 1920, muito provavelmente impulsionado pelo advento das gravações elétricas que possibilitavam a captação das sutilezas dos instrumentos. Já o trio, em sol maior, apresenta uma sequência de tríades arpejadas que caminham acelerando em direção descendente e cuja voz mais grave desenha uma melodia, conferindo mais movimento ao trecho.

Edith não foi registrada na fonografia, mas foi bastante executada, inclusive pelo trio Três Sustenidos em apresentações públicas pela cidade. Além da gavota Iole e do choro Sabãozinho, o trio gravou o choro Negrinha de filó, todas de autoria de Avelino Camargo.

Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.
Música incidental: Eh Jurupanã
Coco do Norte de motivo popular em arranjo de Elsie Houston
Gravado por Elsie Houston, acompanhada Hekel Tavares, João Pernambuco e Jararaca
Disco Columbia 7.053-B, matriz 380587
Gravado em dezembro de 1929 e lançado em 1930.
Concepção, criação, pesquisa e narração: Flavia Prando

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Antes de mais uma viagem para a Europa, Elsie Houston participou da “Tarde Musical” organizada pelo compositor Luiz Gonzaga Assumpção no dia 08 de janeiro de 1931 no salão do Portugal Clube. Encarregaram-se das interpretações, além de Elsie Houston, Jayme Redondo, Edgard Arantes, Antônio Marino Gouvêa, Maria Graccho e José Galante. Elsie Houston interpretou Porque sou triste, de Decio Abramo, e Papai, de Assumpção Fleury. Os acompanhamentos foram feitos, ao piano, pelo próprio L. Gonzaga Assumpção. A apresentação reuniu, também, músicos populares como Gaó (piano); Jonas; Zezinho (banjo, cavaquinho); Petit (violão); Calazans; Sampaio (violão); Theotônio Corrêa (violão); Pinheirinho (cavaquinho) e João Avelino Camargo[1].

[1] BERTEVELLI, Isabel. Elsie Houston e o canto nacional dos anos 1920 a 1940: trajetória profissional da “genuína voz brasileira”. Revista Brasileira de Música, v. 29, n. 2, p. 365-397.

Na biblioteca de Isaías Sávio, pertencente à Coleção Ronoel Simões, as duas obras de Avelino, as gavotas Edith e Iole, aparecem com dedicatória do compositor paulista ao violonista uruguaio recém chegado ao país naquele momento. Assim, sabe-se que, no ano de 1933, Avelino esteve na capital federal. Além de evidenciar a relação entre os dois músicos, trata-se de uma demonstração evidente de que Isaías Sávio tinha conhecimento do movimento do violão na cidade de São Paulo já no início da década de 1930.

Edith foi executada também por João dos Santos, personagem que será abordado no episódio 12 deste podcast. A última aparição de Santos em concertos públicos noticiada pelo jornal foi em 1936, participando de um duo com um violonista chamado Antonio Mastrangelo, quando executaram a peça Edith, de João Avelino de Camargo e Una Lagrima, de Sagreras.[1]

Foi publicada inicialmente por Bernardini & Di Giorgio em 1931, e depois, no início dos anos 1940, também pela Casa Del Vecchio, sempre com revisão de Atílio Bernardini, professor de violão da cidade, um dos responsáveis pela implementação do circuito de partituras na cidade. Em forma rondó, com uma pequena introdução de quatro compassos, que apresenta a tonalidade de ré maior e os materiais temáticos da primeira parte da dança. A segunda parte, também em ré maior, utiliza a técnica dos harmônicos naturais, recurso bastante utilizado no final dos anos 1920, muito provavelmente impulsionado pelo advento das gravações elétricas que possibilitavam a captação das sutilezas dos instrumentos. Já o trio, em sol maior, apresenta uma sequência de tríades arpejadas que caminham acelerando em direção descendente e cuja voz mais grave desenha uma melodia, conferindo mais movimento ao trecho.

Edith não foi registrada na fonografia, mas foi bastante executada, inclusive pelo trio Três Sustenidos em apresentações públicas pela cidade. Além da gavota Iole e do choro Sabãozinho, o trio gravou o choro Negrinha de filó, todas de autoria de Avelino Camargo.

Voice-over: Biancamaria Binazzi
Dramatização dos trechos dos periódicos: Artur Mattar
Vinheta: Sabãozinho, João Avelino de Camargo, arranjo Edmar Fenício. Violão, Flavia Prando.
Música incidental: Eh Jurupanã
Coco do Norte de motivo popular em arranjo de Elsie Houston
Gravado por Elsie Houston, acompanhada Hekel Tavares, João Pernambuco e Jararaca
Disco Columbia 7.053-B, matriz 380587
Gravado em dezembro de 1929 e lançado em 1930.
Concepção, criação, pesquisa e narração: Flavia Prando

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